Ontem, 15 de março de 2011, fez um ano que caiu a Palmeira Imperial que existia defronte do Museu Municipal, na praça Cândido Mota, atingindo o telhado do prédio. Ventos de até 120 quilômetros por hora derrubaram a árvore de cerca de 20 metros e que contava 69 anos de idade*.
Prédio do Museu - década de 50 - a palmeira ainda jovem |
Se a historiadora tivesse avaliado o seu tronco mais detidamente teria encontrado duas perfurações no caule, semelhante à mordida de um vampiro. Dois orifícios provocados por enormes pregos nela cravados pelas nossas autoridades do Poder Executivo Municipal e do Poder Legislativo. E mais: pelos ecologistas da época, ou que pelo menos assim se identificavam.
Segundo dados históricos, as duas palmeiras imperiais foram plantadas defronte da escola “Adaly Coelho Passos” em homenagem ao Dia da Árvore, exatamente no dia 21 de setembro de 1940, a mando do então prefeito Dr. Bláulio Pereira Barreto e pelo diretor da escola, professor Jorge Passos. Quem fez o serviço de plantio foi Francisco D’Onófrio, o mesmo que confeccionou às suas expensas e colocou na praia da frente a imagem de Iemanjá.
Quando aquelas palmeiras imperiais, que passaram a fazer parte do patrimônio municipal, completaram cinqüenta anos, os administradores municipais acharam de fazer uma nova homenagem a elas. O ano era 1990. E o dia, 21 de setembro: Dia da Árvore.
Foi uma homenagem insólita. Diante das autoridades reunidas, e de vereadores, e de ecologistas, e do povo, em vez do “parabéns a você”, cravaram dois enormes pregos na pobre cinqüentenária palmeira, perfurando seu caule até atingir suas entranhas, para assim tornar fixa uma placa “homenageando” a pobre coitada. Árvores não falam, não gritam, mas com certeza sentem. O que a nossa falecida palmeira sofreu certamente foi algo inominável.
Eis os dizeres jocosos constantes da placa: “Homenagem da Prefeitura, Câmara e Ecologistas, comemorando os 50 anos do plantio desta Palmeira, em 21.09.1940 – Dia da Árvore, pelo então Prefeito Dr. Braulio P. Barreto e pelo Diretor da Escola prof. Jorge Passos, hoje EEPG Adaly C. Passos. Caraguatatuba, 21.09.1990”. Bonito, não? E cravos na palmeira! Como aqueles que perfuram as mãos do Cristo.
Nossas distintas autoridades talvez desconhecessem que pelo buraco dos pregos, que em breve enferrujariam –como de fato enferrujaram e deixaram aberta a chaga–, doenças penetrariam facilmente, como brocas e cupins. E o pior, a umidade, entrando pela ferida aberta, provocaria um acelerado processo de apodrecimento do caule, até enfraquecer e comprometer todo o corpo lenhoso.
As três árvores da seqüência, defronte da Associação Comercial, foram abatidas pelo facão público, embora saudáveis |
É com muita animação que hoje vemos algumas árvores ainda jovens darem as suas primeiras flores. São os vegetais plantados através de um programa da prefeitura incentivado pelo vice-prefeito Antonio Carlos Júnior, que na época substituía o pai. Foram inúmeras árvores frutíferas, floríferas e sombreiras plantadas nas calçadas das ruas centrais e que hoje nos encantam a todos com sua primeira florada.
As árvores plantadas por A.C. Júnior começam a dar flores. Rua Teotino Tibiriçá Pimenta, centro. Fotos: Caraguablog |
Bom sinal. Sinal de que, felizmente, a canção ainda não está perdida.
*O Museu registra que a palmeira foi plantada em 21.09.1941, mas a placa colocada posteriormente indica como data de plantio 21.09.1940. Neste caso, ela teria 70 anos ao tombar.
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