quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tiradentes: Um sonho que ainda não acabou...

Sozinho, ele pagou com a vida o sonho de libertar sua terra

Tiradentes Esquartejado, em tela
de Pedro Américo (1893).
Acervo: Museu Mariano Procópio
Hoje, 21 de abril, o Brasil homenageia Joaquim José da Silva Xavier, conhecido “Tiradentes”, líder da chamada Inconfidência Mineira ocorrida em Minas Gerais no fim do século 18.

Morto e esquartejado, teve suas partes exibidas em praça pública para inibir a todos que ousassem alimentar ideologias revolucionárias ou desejar a independência do Brasil, um país e um povo na época explorados impiedosamente pela Coroa Portuguesa.

Tiradentes lutou contra esse estado de coisas e pela causa ofereceu a sua vida. “Se dez vidas tivesse, dez vidas daria pelo Brasil”, teria dito. E hoje, há razões ainda para se lutar? Não faz muito tempo, em 1968, presenciamos perseguição e mortes por todo o país de pessoas que lutavam por liberdades, que tinham uma ideologia, aquela força vinda das entranhas e que motiva as pessoas a lutarem por suas causas.

A pobreza no Brasil é coisa abominável e não há “ideólogos”, ao menos aparentemente, que estejam dispostos a "mover uma palha", que dirá “dar a sua vida”, para mudar essa crueldade, onde o ter com o não-ter contrasta, onde a divisão da renda de um país altamente tecnológico e riquíssimo se processa de forma desumana e avilta a dignidade.

Tiradentes
Na manhã de sábado, 21 de abril de 1792, ele percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas; houve discursos de aclamação à rainha; o cortejo, munido de fanfarra, era composto por toda a tropa local. O historiador Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo acabou por despertar a ira da população que presenciou o evento, quando a intenção era, ao contrário, intimidar a população para que não houvesse novas revoltas.

Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes.

Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse.

A Sentença
“Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi do Regimento pago da Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar mais público dela, será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes, pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios das maiores povoações, até que o tempo também os consuma, declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu; [...]”
O Patrono Cívico do Brasil 
Foi a República e os ideólogos positivistas que presidiram sua fundação que buscaram na figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do Brasil, mitificando a sua biografia.

Daí a sua iconografia tradicional, de barba e camisolão, à beira do cadafalso, vagamente assemelhada a Jesus Cristo e, obviamente, desprovida de verossimilhança. Como militar, o máximo que Tiradentes poder-se-ia permitir era um discreto bigode. Na prisão, onde passou os últimos três anos de sua vida, os detentos eram obrigados a raspar barba e cabelo a fim de evitar piolhos.

Também, o nome do movimento, "Inconfidência Mineira", e de seus participantes, os "inconfidentes", foi cunhado posteriormente, denotando o caráter negativo da sublevação – inconfidente é aquele que trai a confiança.

Outra versão diz que por inconfidência era termo usado na legislação portuguesa na época colonial e que "entendia-se por inconfidência a quebra da fidelidade devida ao rei, envolvendo, principalmente, os crimes de traição e conspiração contra a Coroa", e, que para julgar estes crimes eram criadas "juntas de inconfidência".

Atualmente, onde se encontrava sua prisão, funcionou a Câmara dos Deputados na chamada "Cadeia Velha", que foi demolida e no local foi erguido o Palácio Tiradentes que funcionava como Câmara dos Deputados até a transferência da capital federal para Brasília.

No local onde foi enforcado ora se encontra a Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência.

Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, e a data de sua morte, 21 de abril, é feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.
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