segunda-feira, 23 de maio de 2011

Região se mobiliza por universidade pública

Cresce o Movimento do estudante Hélio Pedro
Sociedade civil e alguns políticos do Litoral Norte se mobilizam em prol uma universidade pública na região. Esforços pontuais de cidades limítrofes trazem em comum o objetivo e o endereço a quem levar essa petição: Ministério da Educação e Cultura (MEC). O pedido já é antigo, mas com a perspectiva de crescimento populacional e desenvolvimento da região, o pedido de uma universidade pública ganha nova dimensão.
Mas engana-se que tal pleito venha dos altos escalões das administrações públicas do Litoral Norte. Um exemplo é o criador do Movimento pela Universidade Federal na região, o jovem Hélio Pedro Monteiro Filho, de 19 anos, de Caraguatatuba, que protocolou em janeiro no MEC, em Brasília, o pedido formal por uma instituição na região. “Eu protocolei a solicitação em audiência com o diretor de Regulação e Supervisão da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação, Paulo Wollinger”, conta Hélio.
O jovem também realizou abaixo-assinado, onde atualmente conta com mais de 4 mil assinaturas coletadas durante o ano passado. O ministério emitiu um ofício ao jovem em fevereiro informando que a proposta havia sido encaminhada para análise.
No início deste mês, Hélio recebeu mais um ofício do Governo Federal, formulado pela Diretoria de Desenvolvimento do Ensino Superior Federal. “Ali, diz será tomadas uma série de medidas e que a solicitação passa a integrar no Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação. E considera o pleito de alta relevância”, conta o jovem.
Na última sexta-feira, Hélio enviou para Brasília “uma série de documentos de apoio da região”. Entre eles estão moções, projetos de lei e cartas de deputados federais, além do abaixo assinado.
O começo
Hélio conta que se envolveu na causa quando começou a reparar que seus amigos tinham dificuldades para concluir o último ano do Ensino Médio. “Um dia perguntei se pretendiam continuar estudando. A maioria me respondeu que o custo era alto. E vi que estava indo para a mesma situação”, relata. A partir daí, no final de 2009 começou a planejar ações em prol de uma universidade pública no Litoral Norte.
“Os que passam em vestibulares de instituições públicas fora são obrigados a irem embora. Fomos disseminando essa ideia e fazendo contato com o Poder Público das cidades, ganhando apoio por essa causa. Já temos 280 mil habitantes nos quatro municípios e precisamos formar jovens aqui”, afirma o jovem que passou em vestibulares para Psicologia e Serviço Social, mas não tem condições financeiras para manter a mensalidade. Na região há apenas duas instituições com ensino presencial.
Em São Sebastião
O estudante encontrou aliado ao se reunir com o vereador sebastianense Paulo Henrique Ribeiro Santana (PDT), o PH. O parlamentar já apresentou na Câmara de São Sebastião moção de apelo, aprovada por todos os pares, endereçada ao MEC, na pessoa do ministro Fernando Haddad para reforçar o pedido já feito por Hélio.
PH, também membro da Frente Parlamentar do Litoral Norte (Frepap-LN), levou o assunto na última reunião da frente, que é formada por parlamentares das quatro cidades da região, no início de abril. De acordo com PH, no encontro, eles discutirão uma articulação política junto ao Governo Federal e ao Legislativo. “Todos os vereadores presentes se prontificaram a formular requerimentos em suas Câmaras para reforçar o pedido”, revela. No entanto, até o momento PH confessa que não tomou conhecimento de nenhuma propositura desta natureza dos vereadores colegas dos municípios vizinhos.
PH pediu aos vereadores das Câmaras vizinhas que formulasse requerimentos neste sentido para que “ganhe força”.
O vereador de São Sebastião, integrante desta Frepap, já se adiantou e apresento uma sessão ordinária da Câmara sebastianense moção de apelo ao ministro da Educação, Fernando Haddad para que “envie esforços” neste sentido.
“Os novos investimentos que estão chegando, a ampliação do Porto de São Sebastião e a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba vão gerar empregos e nós precisamos de um ensino gratuito para qualificar a população”, avalia o vereador.
Ubatuba
Na luta por uma instituição de ensino federal se soma ainda esforços vindos de Ubatuba, com o Movimento Pró-Universidade Pública de Ubatuba. O grupo foi formado em 2010, durante o período de campanha eleitoral. Entre os idealizadores do movimento estão os professores Elias, Ruy Grillo e também o pré-candidato a prefeito de Ubatuba, Maurício Moromizato. Todos militantes do Partido dos Trabalhadores (PT). “A ideia do movimento veio quando foi apresentado o programa de governo da Dilma”, conta Moromizato. A partir daí foi recolhido nas escolas estaduais assinaturas em prol de uma instituição de ensino federal no município. Segundo o professor Ruy, foram recolhidas cerca de 600 assinaturas.
Já Moromizato considera que se há dificuldades em trazer uma universidade pública, “que pelo menos se traga um campus de uma universidade. Para que tenha ao menos um pólo aqui”.
O movimento em Ubatuba reivindica um campus universitário com cursos voltados para a área de meio ambiente, devido à vocação natural da cidade. Mas, Moromizato ressalta que a definição do curso ou cursos precisa ser discutida sob a perspectiva de “vocação natural e as necessidades da população que precisam ser supridas”.
Quanto a unir forças e brigar regionalmente, Moromizato demonstra certo pessimismo. “Seria o ideal, mas não vejo iniciativa alguma dos prefeitos em discutir isso. E mover uma luta regional partindo da sociedade civil e não do Poder Público, acho mais difícil se organizar”, avalia.
Quanto a um instituo técnico que começou a oferecer cursos de nível superior em Caraguá, Moromizato afirma que não resolver ou minimiza a necessidade de uma universidade federal na região. “Um campus federal em Caraguá é ainda muito tímido para a demanda do Litoral Norte”.
Fonte: Imprensa Livre/Leonardo Rodrigues
Caraguablog/JFPr

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